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domingo, 15 de janeiro de 2012

Brincadeira tem hora

   Coisas simples tem meu nome


   Sábado á tarde nada para fazer. Será? E fui conhecer um espaço na comunidade um pagode em uma quadra que mais parecia pagode na lage... calor um cervejinha estupidamente gelada e uma mistura de cores, formas, posições sociais, mulheres bonitas de todas as idades e homens também na mesma linha.
    Não resisti, cai no samba desde pagode a fundo de quintal, o salto alto as vezes impede algumas performances o que me deu coragem de colocar os pés no chão e sentir aquela energia que vinha da alegria daquelas pessoas ali.
    Estou com 40 anos mas a alma não tem idade definida, me divirto com minha filha de 19 anos e com pessoas que podem ser meus pais... podia dizer que estou muito feliz, meu lugar, minhas raízes, as pessoas que admiro por saber viver com qualidade e a certeza que estou me apaixonando de novo. Já dizia o poeta que quando apaixonamos não é pela pessoa e sim por nós mesmos, isso vem acontecendo aos poucos e a alegria e contentamento na alma é tão grande que chego a não acreditar que é tão bom.
   O que passei de ruim foi um aprendizado, não tenho mágoa de quem o fez pra mim, tenho hoje a alegria de descobrir meus pés na fé e a certeza de que o amor está em nossa ações e uma das coisas que jamais farei é desejar a quem quis me ver no chão o mesmo. Acredito na lei do retorno, mas rogo a Deus apenas que dê a essa pessoa um pouco do que senti nesses últimos dias, é felicidade em pequenas coisas, a certeza da conquista de algo bom e a companhia do meu grande protetor e a fé em Deus que me faz cada dia mais determinada a lutar por um sorriso, por um amigo, por cada olhar e saber que somos muito felizes ainda. Na verdade sempre fui, o que me aconteceu foi apenas uma visão de que somos pequenos e amados tanto a ponto de ser odiados, invejados, pura besteira desse ser, somos seres capazes de perdoar, estender as mãos, e amar.
   Mudei algumas coisas em minha vida uma delas a dividir mais meu tempo com meus amores, ir a partida de futebol do filho, ouvir os rock do outro e ir a um pagode com o outro e sentir o calor do povo, me divertir e até pagar o mico da noite, errar os banheiros e entrarmos no banheiro masculino, culpa da "malvada cerveja" que nos faz mais alegres e um pouco leve.
  Não nego a raça corre nas veias o sangue que veio da senzala, está do DNA sou uma mulher que jamais esquece suas origens, pai negro , mãe branca, a cor ficou da mãe mas a diversão do pai. Nasci em casa simples, criada por uma avó postiça e emprestada dona de terreiro, e branca naquela família negra e simples, onde fugia para dormir no colchão de palha colocado no chão da sala e que de manhã tomava aquele café com leite e pão quentinho que ficava no fogão de lenha... isso é riqueza e eu posso falar que tive essa grande graça divina.
   Ontem quando cai no samba um homem de uns 50 anos, negro estava meio bêbado mas não tonto...kkkk... se aproximou da roda em que estávamos e começou a dançar, logo não me senti incomodada e disse a minha filha, me lembra o marido de minha tia com quem dançávamos no churrasco, homem simples , humilde em palavras e até inocente que nos deixou a alguns anos e está em outro plano espiritual... tudo me fazia bem. Na verdade eu estava bem comigo, com a vida, e com a certeza que para ter meu amor basta ser simplesmente de alma linda, o que temos materialmente são empréstimos de Deus e que se colocarmos todos em condição de igualdade no mundo e avaliarmos aqueles que menos tem são os mais felizes e invejados.
   Etá, povo e confesso no carro ando dando a espaço pra ouvir grandes sambas e Zeca tem sido todos os dias, estou chegando lá, meu cantinho de fé está lindo.
   Domingo, acho que vou dar um pulinho em uma quadra de escola, fica cheia, povo do morro, povo que espera todo domingo esse momento... ahhh, vou lá.
   Meu nome?
  Prazer, coisas simples