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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Encontrei um poeta, e mais... o prazer de conhecer uma de suas obras


Choro 

Um choro contido somente eu ouço
Que do meu peito parte.
Do cárcere que ele próprio construiu.
E que ninguém ouve, nem vê
Nem chora por ele, somente eu.
Apenas chora... Tentando agora
Resgatar um tempo que se moveu.

Na esfera da solidão
Ínfemo coração.

Saudades alimentadas pela utopia da esperança
De um dia ver a vir e buscar o que é seu
O que um dia foi intenso e belo, e cego.
Porquanto não bastasse, a felicidade.
Plena de gestos e gostos iguais.
Somente felicidade eu sentia.

No intimo do coração
Um grito silencioso e preso.

Hoje, minhas explosões são implosões.
Que mancham qualquer um que de perto sequer ouve.
Ou sente, ou vê.
Que está quase morto.
Um morto vivo, ou quase vivo.
Quanta dor...
Ah, quanta saudade!
Ouçam meu grito!
Ninguém me ouve?

Hoje, à flor da pele, brotou em mim.
A lembrança daquela flor que busquei pra te dar.
Em meus poros estão teus olhares ainda tristonhos
De uma noite antiga à beira-mar.
Da promessa de prometer ser melhor a cada dia
Camélia era a flor da harmonia
E da amizade
Que falia.

Ninguém fará o que te fiz, nem ninguém fará o me fizeste, em mim.
Nós nunca nos esqueceremos. Queiramos ou não!
Éramos nós dois, e o mundo lá fora.
Conspirando... Conspirando...
Éramos silenciosos:
Um. O outro. O mundo.
Nós dois éramos um.
Minha parte forte da minha parte fraca.
Sua parte fraca da sua parte gigantesca.

As musicas que ouvíamos juntos na sala simples.
Longe dos luxos e luzes e cores.

Os livros que não lemos... Por quê?
Talvez pelas diminutas horas que restavam ali.
Sem estar cansados do prazer.
Que um dia nos fez tremer.
               Marcello Felix (Rio de Janeiro-Brasil)